Educação a distância tem sido responsável por transformar a história de várias pessoas em aldeias indígenas daquele município

Paulo Martins e Lili (à esq.) recebidos pelo reitor José Carlos Barbieri, pela diretora de Extensão, Luzia Deliberador e outros membros do UniCV

Paulo Martins e sua esposa Lili Celeste, indígenas da cidade de Guaíra, no Paraná, viram seu sonho se concretizar ao visitarem o campus do Centro Universitário Cidade Verde (UniCV), em Maringá, nesta terça-feira, 14 de novembro. Ambos estudam Pedagogia na modalidade a distância, e a oportunidade de conhecer o ambiente acadêmico era algo que esperavam há anos.

A visita foi acompanhada pelos gestores do Polo de Educação a Distância (EAD) de Guaíra, Giane Lúcia dos Reis Branco, Diane Lúcia Branco da Cruz e Henrique da Cruz Dias. No campus, foram calorosamente recebidos pelo reitor José Carlos Barbieri, pela diretora de extensão, Luzia Deliberador, tutores e outros integrantes do núcleo de educação a distância.

Paulo Martins, atualmente com 42 anos, compartilhou sua jornada marcada por dificuldades para buscar a educação. Ele explicou que não teve a oportunidade de estudar na infância e só concluiu o Ensino Fundamental e Médio após os trinta anos. Sua entrada na universidade foi possível graças ao ensino a distância oferecido pelo UniCV em Guaíra, uma cidade com pouco mais de 33 mil habitantes e uma concentração de oito aldeias, totalizando uma população aproximada de 7 mil indígenas.

“Fazer uma universidade representa uma chance de melhoria na vida”, afirmou Paulo. Sua esposa, Lili Celeste, acrescentou que o desejo de estudar é motivado pela busca de um futuro melhor para seus filhos, expressando a aspiração de que “eles sejam mais que nós”.

Os estudantes ao lado do reitor José Carlos Barbieri e outros integrantes do UniCV

Acesso à educação

Desde 2012, a Lei de Cotas nº 12.711 possibilita o acesso de indígenas às universidades públicas brasileiras por meio da reserva de vagas, mas poucos conseguem acesso. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2018, em torno de 0,68% apenas, dos aproximadamente 890 mil indígenas no país, estavam no ensino superior naquele ano.

Para suprir a necessidade de vagas públicas para essa população, a Educação a Distância tem desempenhado um papel fundamental, chegando às aldeias indígenas e fazendo a diferença na vida dessas pessoas. O Polo de EAD do UniCV em Guaíra atende a trinta indígenas na graduação, a maioria proveniente da aldeia Tekoha Marangatu, onde vivem mais de 500 guaranis.

Desde o início do curso de Pedagogia, esses estudantes têm a oportunidade de lecionar nas escolas indígenas locais, graças ao Processo Seletivo Simplificado da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Paulo Martins, que conclui pedagogia este ano, é um desses professores.  Orgulhoso, ele afirmou: “O próximo passo será uma pós-graduação e depois farei Educação Física. Quero deixar o meu exemplo para as crianças daqui”.

Ao agradecer a ajuda recebida de professores, gestores de polo e tutores de EAD, Paulo encorajou outros a seguir seus passos. A visita ao campus foi, para ele, uma oportunidade de mostrar a realização do sonho e inspirar outros indígenas a estudar, mesmo sendo a distância. “Estou levando fotos minhas em sala de aula e com todos que me receberam no UniCV para mostrar a quem conheço e dizer que é possível conquistar este sonho”, concluiu emocionado.