Vivemos num mundo que vê como normal uma sociedade que se estrutura com base no consumismo e isso não é de hoje. Esse estilo de vida é algo que perdura desde a Revolução Industrial, contudo, com o passar dos anos, da produção e consumo desenfreado, fomos obrigados a pensar em novos esquemas de produção e comercialização, como o slow fashion.

A indústria da moda é responsável pela movimentação econômica em diversos países, é notória pelo volume de poluentes produzidos. Fato esse, que já chama atenção de diversos pesquisadores e profissionais da área, como foi o caso da Professora da UniFCV, Marcela Favero, que, em parceria com a pesquisadora Bárbara Tornai Tella, desenvolveu um artigo científico intitulado: “Slow fashion: impacto na cadeia produtiva do varejo de moda”.

Durante a elaboração da pesquisa, Marcela e Bárbara realizaram um estudo de caso com base na ficha de custo de uma peça de roupa com o objetivo de compreender e dimensionar o impacto ambiental para saber como aplicar medidas sustentáveis na produção, com baixo impacto na rentabilidade.

Com os dados obtidos pelo estudo de caso, as pesquisadoras chegaram a conclusão que existem sim possibilidades possíveis na indústria de se garantir um futuro mais sustentável, que atinja o consumidor mais informado e preocupado com o meio ambiente. Basta que a empresa esteja disposta a rever a sua relação com o meio ambiente.

“É uma tendência que vem muito atrelada ao consumo consciente. Atualmente, as grandes empresas trabalham com a vertente do fast fashion, você pode ir nessas lojas e a cada 15 dias terá um lançamento novo. Se compra muito e se usa pouco a roupa, e se você pensar nessa cadeia ela não é sustentável”. Ressalta a pesquisadora, Marcela Favero, que também explica o conceito do slow fashion: “quando propomos a ideia do slow fashion temos como objetivo que as pessoas comprem menos, você cria um produto que pode ser utilizado mais vezes, isso é crítico pois estamos falando para as empresas que eles não vão vender tanto quanto estavam acostumadas, pois a ideia é que o consumidor tenha mais consciência na hora de comprar e que ele utilize a peça ao seu máximo”.

“Nós acrescentamos um custo maior de matéria prima pois é um produto ecológico, mais orgânico, mas você também consegue agregar um valor ao final do produto, pois as pessoas que estão pensando nessas tendências tendem a ser pessoas com maior capital, assim podem investir mais nesse consumo mais lento e consciente.“

Marcela ainda afirma que, durante a pesquisa, descobriram que é possível sim implementar o slow fashion sem comprometer o lado financeiro: “Toda essa discussão do slow fashion impacta significativamente no modele de negócio que temos, que é esse capitalismo sobrecarregado. Então, fomos estudar se era viável economicamente uma empresa trabalhar com o slow fashion, e nosso resultado foi que sim. É uma tendência que vem muito atrelada ao consumo consciente. Atualmente, as grandes empresas trabalham com a vertente do fast fashion, você pode ir nessas lojas e a cada 15 dias terá um lançamento novo. Se compra muito e se usa pouco a roupa, e se você pensar nessa cadeia ela não é sustentável. Tiramos muita matéria do meio ambiente e não usamos tanto que daria para utilizar e essa roupa acaba sendo descartada, gerando um resíduo têxtil muito grande”.

Para quem ficar interessado e quiser ler a pesquisa na íntegra basta acessar esse site.