Falta de visibilidade e negação do valor dos negros na sociedade foram questões cruciais apontadas por pesquisadores em mesa-redonda

Na noite desta segunda, 20 de novembro, o Centro Universitário Cidade Verde (UniCV) iniciou sua programação alusiva ao Dia da Consciência Negra com a realização da mesa-redonda intitulada “Vidas Negras Importam”. Transmitido ao vivo pelo canal do Youtube da instituição, o evento reuniu três renomados pesquisadores para discutir o tema “Escrevivências Negras no Brasil, Intelectualidade e Produção de Conhecimento”.

A professora Cristina Gabriel, uma das coordenadoras do evento, destacou a importância de ressignificar conceitos históricos, salientando que a história foi predominantemente escrita por brancos. Ela enfatizou que a educação é uma ferramenta libertadora e deve ser um espaço de escuta para superar o racismo, desejando que a reflexão promovida durante o evento perdure para além do Dia da Consciência Negra.

O diretor acadêmico Alex Alves, responsável pela abertura do evento em nome do reitor José Carlos Barbieri, ressaltou a importância de debater o racismo como parte fundamental do crescimento humano. Ele destacou que o UniCV realiza eventos em comemoração ao Dia da Consciência Negra desde 2016, evidenciando o compromisso institucional com a causa antirracista.

Debate

Os pesquisadores presentes na mesa-redonda abordaram temáticas essenciais. A assistente social Itamires Lima Santos Alcântara, doutoranda e membro do Observatório de Racialidade da Universidade Federal da Bahia, lamentou a persistente visão dos negros como sujeitos de pesquisa e não como produtores de conhecimento. “Que tipo de profissionais as academias estão formando ao reproduzir padrões históricos”, questionou.

Nilson Lucas Gabriel, psicólogo doutorando em psicologia e membro do Núcleo de Pesquisas em Estudos Afrodescendentes na Universidade Estadual de Maringá, abordou a desumanização da pessoa negra no processo de produção do conhecimento. Ele destacou a importância de combater o senso comum e reconhecer que “o racismo não está apenas na mente, mas também na materialidade. “É a partir dessa materialidade que se toma consciência de que o branco se fez superior ao longo da história, inferiorizando o negro”, afirmou.

Paulo Vitor Navasconi, psicólogo com doutorado em Subjetividade e Práticas Sociais na Contemporaneidade, defendeu a necessidade de reconstruir a história da raça negra. Ele questionou a legitimidade dos conceitos de conhecimento e a falta de representatividade negra nas instituições acadêmicas, chamando a atenção para a tentativa institucional de silenciar vozes diversas.

Programação extensiva

A programação do UniCV para o Dia da Consciência Negra se estende ao longo do mês de novembro, envolvendo toda a comunidade acadêmica. Além da mesa-redonda, inclui exposições, lives e atividades nos cursos, visando promover a inclusão e conscientização. As atividades podem ser acompanhadas gratuitamente no canal do Youtube da instituição, com eventos presenciais realizados no campus.

Destacam-se as próximas lives agendadas para esta semana, com a participação de Solange Gil Azevedo, da ONG Impacta Pretas, João Victor Simeão, Secretário de Cultura de Maringá, e a professora Eva dos Santos Coelho, conselheira municipal da promoção da igualdade racial e presidenta do Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques.

A programação busca não apenas envolver a comunidade universitária, mas é aberta a toda a comunidade interessada. A transmissão dos eventos online está disponível no canal do UniCV no Youtube @unicv.centrouniversitario), enquanto as atividades presenciais podem ser acessadas diretamente no campus universitário (av. Horácio Raccanello Filho, 5950 – ao lado do terminal urbano).