Você sabia que durante o período colonial cerca de 4,6 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil para serem escravizados? Além do trabalho pesado e inesgotável nas lavouras, na mineração e no serviço doméstico, a eles não era oportunizado qualquer tipo de tratamento humano, como assistência médica, educação, assistência social. Viviam em condições sub-humanas e eram considerados inferiores,
submetidos a uma vida extremamente precária.

E assim foram mais de 300 anos de vida degradante entre 1536 e 1888, neste último, houve a promulgação da Lei Áurea que abolia o regime escravocrata no Brasil. Porém, após a abolição o cenário não teve mudanças significativas, já que a população preta não teve suporte para se estabelecer como povo livre. Eram analfabetos e não sabiam outro ofício além do serviço intenso e pesado das lavouras, onde muitos permaneceram trabalhando por não terem para onde ir, ainda sendo alvo de preconceitos diversos.

O dia 20 de novembro

O Dia Nacional da Consciência Negra é uma data instituída como um marco de celebração e de conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento que a população preta viveu no Brasil desde a colonização. A data faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares em 1685, considerado o grande líder do maior e mais duradouro dos quilombos registrados – comunidades formadas por negros escravizados que fugiam da tirania de seus senhores e escondiam-se em lugares de difícil acesso no meio das matas.

Embora livres, as heranças da escravidão permanecem. O racismo está impregnado na estrutura do Brasil, ao que se chama de Racismo Estrutural, algo que ainda se mantém como uma raiz no DNA da nação.

Justamente por isso, há uma eterna dívida com a população negra. Para combater o racismo é preciso que haja conscientização e luta para que todos assumam uma postura antirracista, que vai além das condições de não ser preconceituoso, mas combater as discriminações e promover igualdade de direito a todos, de forma homogênea.

Entenda o racismo estrutural e ajude a combatê-lo

O racismo, por estar na estrutura do país, se enraizou em decorrência de séculos de escravidão e mesmo que hoje aparentemente pareça ser algo mais brando e despercebido aos olhos de quem não é preto, é um problema presente em todos os lugares, muitas vezes de forma velada.

Veja algumas situações:

Por exemplo, o acesso restrito de negros e indígenas às universidades, local que sempre foi majoritariamente ocupado pelos brancos. Isso se deve ao fato de que parte da população negra tem baixos índices de escolaridade, altas taxas de pobreza e exclusão social como consequência histórica.

Muitos hábitos problemáticos e uso de expressões preconceituosas ainda permanecem incorporados no cotidiano e reforçam o racismo, promovendo a exclusão mesmo que indiretamente. Palavras como “denegrir”, “pessoa de cor”, “moreno”, denotam uma sociedade racista estruturalmente. Chamar de “preto” ou “negro” não deve ser motivo de vergonha, pelo contrário, deve ser encarado como motivo de orgulho, o que derruba a necessidade de “suavizar” as denominações étnicas com eufemismos.

Este é um assunto que precisa ser abordado frequentemente nos espaços de discussão na sociedade. A população precisa conhecer para combater. Para quem deseja entender mais sobre o tema, a equipe do UniCV sugere o livro “Pequeno Manual Antirracista”, da escritora Djamila Ribeiro, que faz um alerta sobre a luta contra o racismo na qual todo cidadão precisa ter participação.

A autora ressalta: “consciente de que o racismo é parte da estrutura social e, por isso, não necessita de intenção para se manifestar, por mais que calar-se diante do racismo não faça do indivíduo moral e ou juridicamente culpado ou responsável, certamente o silêncio o torna ética e politicamente responsável pela manutenção do racismo. A mudança da sociedade não se faz apenas com denúncia ou com repúdio moral do racismo: depende, antes de tudo, da tomada de posturas e da adoção de práticas antirracistas”.

 

Texto por Kaisa Abeche

Revisão: Isabella Marques e Lara Beatriz Arantes