O mês de março, por abrigar o Dia Internacional da Mulher, estimula reflexões sobre a missão desta data ao longo dos anos. A cada 8 de março se faz necessário reforçar a conscientização sobre os direitos das mulheres.

E não há como falar em conscientização sem citar a importância da educação como ferramenta libertadora no universo feminino, além de se constituir enquanto poder transformador em um cenário que ainda apresenta uma luta travada na igualdade de gênero.

Em pesquisa realizada pelo movimento Todos pela Educação no ano de 2017, foi revelado que 43% das meninas brasileiras de 14 a 17 abandonaram os estudos por estarem grávidas, serem responsáveis pelos afazeres domésticos ou do cuidado com filhos, irmãos menores ou idosos. O levantamento fez um comparativo com a mesma faixa etária do gênero masculino e dados mostraram que somente 0,4% abandonaram os estudos por serem encarregados em cuidar de alguém.

Por isso, listamos algumas mulheres que tiveram um papel fundamental nas transformações ocorridas no âmbito da Educação. Veja abaixo:

Malala Yousafzai

Malala nasceu no Paquistão e se tornou conhecida a partir do blog “Diário de uma Estudante Paquistanesa”, criado a pedido da BBC, no qual falava sobre a rotina e as dificuldades das mulheres na escola. Vivendo em um país extremista, seus posts passaram a atrair o ódio de grupos radicais talibãs, principalmente pelas críticas ao encerramento de escolas públicas e proibição da educação de meninas entre 2003 e 2009.

A ativista chegou a ser baleada na cabeça, o que gerou grande revolta de repercussão mundial, levando-a a ser uma das vozes mais eloquentes na defesa da educação das meninas. Malala tornou-se a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel da Paz em 2014, aos 17 anos. Criou o Malala Fund, organização que tem o objetivo de promover a educação de garotas no mundo todo.

Maria Montessori

Maria Montessori nasceu em 1870 na cidade de Chiaravalle, Itália. Ela foi a primeira médica italiana e dedicou-se à educação de crianças com deficiência intelectual num hospital psiquiátrico em Roma.

Desenvolveu um método educativo conhecido como Montessori, que dá ênfase na autonomia, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas das crianças.

Dorina Nowill

Nascida em 1919, perdeu a visão aos 17 anos e foi a primeira aluna cega a frequentar um curso regular. Posteriormente, se formou como professora e fez uma especialização na Universidade de Columbia.

Dorina criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil e, em 1948, fundou a primeira imprensa Braille em grande escala do país, que imprimia livros didáticos e outros documentos. Além disso, dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos, do Ministério da Educação e Cultura (MEC), onde desenvolveu os primeiros serviços de Educação de cegos no país, assim como lutou pela abertura de vagas de trabalho para pessoas com deficiência visual.

Cecília Meirelles

Nascida em 1901, no Rio de Janeiro, Cecília Meirelles foi considerada uma das poetas mais importantes da literatura brasileira. A paixão pela leitura levou a publicar, com apenas 18 anos de idade, seu primeiro livro de poemas “Espectros”.

Cecília defendia uma pedagogia que prezasse pela autonomia do estudante, pela igualdade entre homens e mulheres e pelo direito de todos à educação, o que era considerado uma provocação para a época. Ao lado de nomes como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, assinou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, que se tornou o marco inaugural da renovação educacional brasileira, defendendo as bandeiras de uma escola pública, gratuita, laica e obrigatória, se opondo frontalmente à escola existente.

Além de ser um dos grandes nomes da literatura brasileira, Cecília Meireles se destacou por sua contribuição expressiva à literatura infantil, com poesias, livros, peças teatrais e cantigas de roda, sendo referência para os educadores que trabalham nesta área.

Emília Ferreiro

A argentina Emília Ferreiro revolucionou a maneira de se pensar a alfabetização. Pedagoga e psicolinguista, teve notória influência na educação brasileira durantes os últimos 40 anos.

Desenvolveu estudos em investigações sobre a escrita e foi orientada em seu doutorado pelo biólogo Jean Piaget, na Universidade de Genebra. Sua obra influenciou tanto os educadores brasileiros que até mesmo os Parâmetros Curriculares Nacionais são inspirados por ela.

Hannah Arendt

De família alemã e judia, precisou deixar a Alemanha nazista e acabou se naturalizando americana em 1951. Publicou uma das obras mais famosas do século XX, o livro “As Origens do Totalitarismo”, em que analisa as formas totalitárias de poder e a banalização do terror. Arendt também realizou estudos sobre Educação e, nos textos “A Crise na Educação” e “Reflexões sobre Little Rock”, discute o papel da área na vida dos alunos.

Carolina Maria de Jesus

Nascida em 1914, em Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus foi uma escritora considerada “improvável” devido a pouca instrução que recebeu. Ela relatava seu cotidiano revelando a realidade da favela do Canindé, em São Paulo – cidade onde morou até o fim de sua vida – por meio de suas vivências.

Carolina foi umas primeiras escritoras pretas do Brasil e conceituada entre as mais importantes do país devido ao seu papel revolucionário na literatura. Vale a pena adicionar à lista de leitura a obra “Quarto de Despejo”, sua primeira publicação.

 

Texto por Kaisa Abeche

Revisão: Lara Beatriz Arantes