Hortas comunitárias: Um oásis em meio ao concreto
Professor da UniFCV publica trabalho sobre a importância dos espaços verdes de Maringá no âmbito da saúde mental
Vários sentidos vêm à tona quando andamos pela selva de pedra que são as cidades. A visão é sobrecarregada pelo cinza do concreto e as informações da publicidade, o tato sofre com o sol quente enquanto procura abrigo em meio às sombras retilíneas e uniformes, o olfato se incomoda com o cheiro do lixo, a audição fica atenta a cada buzina, conversa ou som de construções e o paladar sente o gosto amargo do café. Sejam bem-vindos ao cataclismo urbano. Porém, em Maringá, é possível fugir parcialmente disso, basta visitar uma das quase 40 hortas comunitárias da cidade!
As Hortas Comunitárias foram criadas como um projeto de produção de alimentos e geração de renda, mas de acordo com uma pesquisa do professor da UniFCV, Eduardo Chierrito, elas possuem também uma função terapêutica. A pesquisa foi apresentada no 1º Congresso Brasileiro de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-ambiente da ABRAPA, onde o professor defendeu as hortas comunitárias como um espaço terapêutico, onde as pessoas podem fugir, temporariamente, da loucura da cidade: “As hortas possuem uma função de ambiente restaurador, um escapismo que possibilita a desaceleração, isso impacta na saúde mental”, afirma Eduardo.
“Podemos perceber que essas hortas são utilizadas como espaços de socialização. Nós tivemos relatos de isolamento, de quadros depressivos ou ansiosos que, quando começaram a trabalhar com as hortas, criaram um contato social com outras pessoas, e isso ajudou muito eles. O ambiente teve um impacto crucial para a vida de alguns. Então a importância das hortas extrapola o âmbito do alimento e da renda, existe um fator psicológico importante, de cuidado com o outro, promovendo a saúde mental”, diz o professor.
Psicologia Ambiental
Essa modalidade de estudo parte do princípio que o meio ambiente é o resultado da soma de ações do homem, e como este ambiente nos influencia e nos molda, não ficando restrito aos ambientes “verdes”. “O espaço também produz subjetividade, pois ele se faz nas relações sociais. Por exemplo, eu nasci em Maringá, o fato de ter morado em um bairro gera uma vivência diferente de quem nasce na região metropolitana, então começamos a olhar para uma psicologia que tem um recorte especial”, argumenta o professor.
A psicologia ambiental não é algo novo, porém é pouco conhecida, além de se resumir a pesquisas e políticas públicas. O professor Eduardo acredita que com sua pesquisa poderemos evidenciar as diversas facetas deste segmento: “com essa pesquisa, podemos mostrar para o poder público que existe uma variável interessante, e que está gerando resultados, assim fortalecemos as políticas e potencializamos a experiência das pessoas”.
Ativismo inesperado
Como já mencionado, a maior parte (80%) dos participantes são idosos, e durante a pesquisa foi notado o florescer de um ativismo ambiental por parte dos novos agricultores, que limpavam os arredores da horta e até mesmo rios próximos: “O dado mais curioso foi que eles desenvolveram um certo ativismo ambiental, o que foi inesperado, já que geralmente é um grupo (idosos) do qual não esperamos ativismo. Percebemos também que o afeto acabava impactando, estar em um ambiente que você sente satisfação, agradabilidade, e paz, acabou impactando na relação que eles tinham com o local, de querer preservar e estar próximo”.
Com a pesquisa podemos analisar na prática um dos pilares da psicologia ambiental, o ambiente também pode moldar as pessoas, ele produz subjetividade, e se faz nas relações sociais. O fato de ter nascido e crescido em determinada época e local te influenciam fortemente. Este é um dos grandes desafios da vertente ambiental, analisar e interpretar essas influências.
Ficou curioso em relação às hortas comunitárias? Você pode descobrir mais delas no site da prefeitura de Maringá.
Assessoria de Comunicação – UniFCV
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