Curso de Psicologia promove palestra sobre estudos feministas
Curso de Psicologia promove palestra sobre estudos feministas
Durante o mês de março, é muito comum ver uma série de campanhas, projetos, propaganda e anúncios sobre o Dia iIternacional da Mulher, porém por mais que o assunto seja debatido na prática a situação é diferente… A questão da igualdade de gênero em nossa sociedade ainda é algo longe. Onde estão as mulheres na construção no conhecimento e na ciência? Por que os nomes masculinos sempre têm maior evidência?
É movida por essas questões que a coordenação de Psicologia traz a mestre em psicologia social, Natália Yukari Mano, com sua palestra de tema: “A Contribuição dos estudos feministas para um compromisso ético-político dos saberes psicológicos”, que busca debater sobre a estrutura social e das desigualdades de gênero. Além disso, a palestra tem como objetivo compreender o gênero em si como uma construção social dos papéis que homens e mulheres desempenham e como são reconhecidos.
Na UniFCV, o curso de Psicologia, segundo a coordenadora, Michelle Santos, é formado majoritariamente por mulheres. Em contrapartida, boa parte dos pesquisadores consagrados da área são homens. Natália pontua que a psicologia teve participação nesse “ofuscamento” das mulheres e das pautas femininas, justificando assim a necessidade das pesquisadoras de recorreram a outras áreas do conhecimento: “Por muito tempo a psicologia contribuiu para que as mulheres permanecessem em lugares de subordinação e à margem da construção dos saberes psicológicos. Então, ainda buscamos muitos referenciais teóricos fora da Psicologia para preencher essas lacunas que possuem as teorias clássicas sobre gênero, como por exemplo na sociologia, na antropologia e na história”, pontua a pesquisadora.
Para Natália, essa falta de participação feminina deve-se a estrutura social que exige das mulheres responsabilidades específicas e descabidas, dificultando assim o acesso a pesquisa: “Sim, nós somos a maioria no ensino superior, mas não só no imaginário como também a realidade mostra que, por exemplo, as pesquisas realizadas por homens são as que mais são aceitas em revistas científicas de maior prestígio. Entretanto, ainda caímos na questão do patriarcado, do machismo ser transversal. Primeiro porque, mesmo as mulheres podendo cursar o ensino superior, muitas de nós cumprem dupla ou até tripla jornada, porque ainda atribui-se à mulher a responsabilidade pelos trabalhos domésticos e pelo cuidado com os filhos. Os homens, por não se responsabilizarem por tais afazeres, podem se dedicar com mais afinco ao desenvolvimento de pesquisas”.
A pesquisadora reconhece que, felizmente, tivemos um avanço se comparado com o passado, mas não é o suficiente, não ao menos para baixar a guarda enquanto inúmeros avanços são necessários mediante a persistente desigualdade social: “Eu acredito que sim, que houve avanço em poder manifestar nossas demandas e escancarar algumas desigualdades. Há mais estudos e um olhar mais atento sobre essas questões. Mas, não sou uma pessoa muito otimista quanto a um “futuro promissor”. Acredito que possa haver mais transformações, mais avanços, mas temos que lutar por gerações e gerações para a construção de uma sociedade menos desigual (nos diversos âmbitos em que as desigualdades existem)”, conclui Natália.
O caminho dessa luta é muito longo e árduo, principalmente diante da nossa realidade, na qual a esperança parece nada mais do que um sonho distante, um sentimento perdido em meio aos fatos que obscuram nossa visão e enrijecem nosso coração. Em momentos como esse, a única ferramenta que pode nos auxiliar é, e sempre foi, a conhecimento. A educação nunca foi uma aposta, mas sim um investimento visando dias melhores, dias mais justos.